Carta de Conjuntura SINDAESP - Ed. nº 03

CARTA DE CONJUNTURA SINDAESP

Outubro 2017

O que se apresentava no início do segundo semestre, e que a Assessoria de Economia e Pesquisas do Sindaesp já havia adiantado na Carta de Conjuntura do mês de setembro, tornou-se uma realidade. Sim, há um descolamento do desempenho econômico de nosso país em relação ao ambiente político. E tal realidade fica claro, não obstante  uma segunda denúncia contra o atual Presidente e a “disputa” de poderes entre o Supremo Tribunal Federal e o Legislativo Federal, os indicadores de confiança se mantém estáveis, a inflação em baixa, juros caindo, emprego formal reagindo e projeção do crescimento econômico cada vez mais próximo a 1% em 2017.

Em verdade, era possível que uma segunda denúncia contra o Presidente Michel Temer pudesse gerar um ciclo de desconfiança dos agentes e, com isso, contaminação de demais indicadores. Isso ocorreu entre os meses de maio e julho, quando o escândalo Joesley veio à tona. Porém, se observarmos os recordes do Ibovespa, a revisão de projeção do FMI (Fundo Monetário Internacional) sobre o crescimento da economia brasileira em 2017 (de 0,3% para 0,7%) tem-se uma boa ideia de como o mercado e seus componentes estão menos preocupados com o conturbado ambiente político brasileiro, desde que as políticas econômicas se mantenham e o rigor fiscal seja buscado.

No curto prazo se espera que o ritmo econômico continue sua reação, que a política monetária de redução da Taxa Selic se mantenha e que o setor externo mantenha seu atual ritmo acelerado. O setor de serviços, transversal à economia, ruma no mesmo caminho dela, de reação. A indústria de transformação direciona esforços ao mercado internacional. A agricultura é pujante pela safra recorde de 2017. Já o comércio varejista se prepara para sua principal data, o Natal. Em verdade, aos impactos do décimo terceiro salário, o qual parcialmente absorvido pelas vendas fará o mês de dezembro vender entre 25% e 30% acima da média dos outros meses do ano.

Este cenário de curto prazo com melhores tendências é verídico, porém é essencial frisar que isto não é uma realidade no longo prazo. Para que haja de forma concreta uma recuperação da economia é vital a continuidade das reformas, principalmente a previdenciária, em conjunto com a busca de superávit fiscal e equilibro de longo prazo das contas públicas. Esta é a receita para um ambiente mais competitivo, taxas de crescimento sustentáveis e melhoria do ambiente socioeconômico da população.

Neste cenário descrito e estimado, as projeções macroeconômicas que o Sindaespmantém mensalmente podem ser expressas da seguinte forma:

As projeções macroeconômicas do Sindaesp:

  • Crescimento da economia brasileira em 2017: +0,7% (↑);
  • IPCA/IBGE em 2017: 3,1% (↔);
  • SELIC no fim de 2017: 7,25% (↓);
  • Taxa de Câmbio no fim do período: 3,20 (↔);
  • Balança Comercial em 2017: US$ 50 bilhões de superávit (↔);
  • Vendas do varejo: +1,5% (↔);
  • Volume dos serviços: -3,2% (↔).
Jaime Vasconcellos
Economista e assessor econômico do Sindaesp