Carta de Conjuntura SINDAESP – Ed. nº 14

CARTA DE CONJUNTURA SINDAESP

Setembro 2018

Às vésperas da eleição, as notícias econômicas ficam um pouco de lado e os esforços de análise se direcionam para tentar vislumbrar os impactos práticos das possíveis ações de cada candidato, de acordo com suas possibilidades de vitória. É um exercício quase especulativo de se projetar os desafios da nossa economia, baseado em programas de governo e pesquisas eleitorais.

Por enquanto há um cenário incerto, aguardando os resultados políticos e prevendo com eles o agravamento, ou amenização, do ambiente socioeconômico nacional para 2019 e demais anos. Independente do interlocutor e defensor das ideias, está bastante claro que se não houver propostas de equilíbrio fiscal, continuidade de reformas, enxugamento de burocracia e, também as que eliminem os entraves ao investimento, não haverá condições de se modernizar nossa economia. Continuaremos a vivenciar dificuldades cada vez maiores.

A despeito desse cenário incerto e difuso, o Banco Central (BCB) decidiu manter a Selic nos 6,5% anuais. Corretamente cautelosa, a Instituição sinalizou viés de alta de juros, principalmente devido ao dólar, que não parece ter muitos limites com as instabilidades trazidas pela corrida presidencial, política monetária americana expansiva e a guerra comercial entre os EUA e a China. Com o câmbio nas alturas, o impacto na inflação obriga revisão dos juros básicos da economia.

Até o fim de outubro, havendo segundo turno das eleições presidenciais como o previsto até este momento, teremos discussões e ataques políticos afetando pesquisas de intenção de voto e, consequentemente, indicadores financeiros, confiança de empresários e consumidores, taxa de câmbio e decisões de investimento. Fora isso, continuaremos com uma economia de desempenho conhecido, ou seja, desemprego alto, endividamento e inadimplência elevados, confiança impactada e crescimento provavelmente abaixo da metade do que se esperava no início do ano. Há de se ter paciência e resiliência para este período eleitoral. Pragmatismo na tomada de decisões (crédito e investimentos) e consciência no voto ao projeto mais coerente com nossas realidades e potencialidades.

A partir dessas reflexões, são expostas as projeções macroeconômicas que o Sindaesp apresenta mensalmente. As setas denotam evolução de nossa opinião em relação ao mês anterior.

As projeções macroeconômicas do Sindaesp:

  • Crescimento da economia brasileira em 2018: +1,3% (↔);
  • IPCA/IBGE em 2018: 4,3% (↔);
  • SELIC no fim de 2018: 6,50% (↔);
  • Taxa de Câmbio no fim de 2018: 3,95 (↑);
  • Balança Comercial em 2018: US$ 55 bilhões de superávit (↔);
  • Vendas do varejo em 2018: +2,0% (↔);
  • Volume dos serviços 2018: -1,0% (↔).
Jaime Vasconcellos
Economista e assessor econômico do Sindaesp