Carta de Conjuntura SINDAESP - Ed. nº 12

CARTA DE CONJUNTURA SINDAESP

Julho 2018

Por enquanto nada de novo no frontUtilizo o título do famoso romance do alemão Erich Maria Remarque para contextualizar que entre os meses de junho e julho nada parece ter abalado o processo de desaceleração do ritmo de avanço da economia brasileira. E nossa Carta de Conjuntura já havia alertado para isso. Continuamos com a tendência de crescermos metade do que se projetava no início do ano. E a impressão é que, com a proximidade das eleições, paira-nos ainda mais incerteza e determinado pessimismo. Não que gostemos de ser pessimistas, todavia, estamos acostumados com nossos políticos e nosso ambiente socioeconômico. É preciso se precaver.

Em verdade, as notícias ruins que se mantém não são apenas de que o PIB ficará pela metade. A inflação será mais alta do que se previa, o desemprego não recua em ritmo razoável, os juros devem se estabilizar acima do esperado e o dólar se elevou além do que se projetou. Resumo da ópera: fragilidade da confiança dos agentes, sejam eles empresários, detentores da capacidade de investimento (inclusive em mão de obra) e, também do consumo (responsável por 2/3 da nossa geração de riqueza).

Nos parece que não há muita saída além de aguardar cenário mais visível das eleições. E quando se diz cenário mais visível, digo por se conhecer não apenas quem são os presidenciáveis, mas também seus vices, equipe e, principalmente, seus projetos. Neste sentido, destaca-se a opinião dos mesmos em relação ao equilibro fiscal e agenda de reformas estruturantes. O mercado – investidores internos e externos – está aguardando estes posicionamentos para vislumbrar o avanço dos negócios no curto e no longo prazo, que é vital para destravar confiança e o capital.

Há de se esperar as próximas semanas, quando realmente o pleito eleitoral vai se consolidar. Neste sentido, também vai nos caber observar com equilíbrio e pragmatismo as opiniões, equipe e propostas. O mercado também está no aguardo, assim como a população.

A partir dessas reflexões, são expostas as projeções macroeconômicas que o Sindaesp apresenta mensalmente. As setas denotam evolução de nossa opinião em relação ao mês anterior.

As projeções macroeconômicas do Sindaesp:

  • Crescimento da economia brasileira em 2018: +1,5% (↓);
  • IPCA/IBGE em 2018: 4% (↑);
  • SELIC no fim de 2018: 6,50% (↔);
  • Taxa de Câmbio no fim de 2018: 3,65 (↑);
  • Balança Comercial em 2018: US$ 55 bilhões de superávit (↑);
  • Vendas do varejo em 2018: +2,5% (↓);
  • Volume dos serviços 2018: 0% (↓).
Jaime Vasconcellos
Economista e assessor econômico do Sindaesp