Carta de Conjuntura SINDAESP - Ed. nº 11

CARTA DE CONJUNTURA SINDAESP

Junho 2018

Na edição passada de nossa Carta de Conjuntura, observamos que a expectativa de crescimento econômico brasileiro passava de 3% para 2,5% em 2018 e que se deveria até comemorar tal patamar. Um mês depois fica claro que comemoraremos um avanço de 2%, sendo que outros analistas já esperam algo que circunda +1,5%. De forma bastante objetiva, no início de 2018, sabia-se que ao menos um ponto de incerteza iria afetar nosso processo de reação econômica: Eleições. Mas, subestimamos a capacidade de formação de mais outros dois pontos que fragilizaram nosso ritmo de retomada: a elevação portentosa da taxa de câmbio e os impactos da paralização do país com a greve dos caminhoneiros.

Obviamente, que o aumento do dólar no mercado doméstico provém de questões internacionais. Dentre elas, principalmente, a expectativa de aumento da taxa de juros americana com o risco inflacionário trazido pelo crescimento acima do esperado dos salários e da economia em geral. Mas, não se descarta desta equação as instabilidades políticas internas com o período eleitoral, em que nenhum pré-candidato possui sequer um vice anunciado. Por essas e outras que se gera instabilidade e, com isso, fuga de capitais. Além deste cenário, destacam-se os impactos da greve dos caminhoneiros. Seja na inflação oficial, seja nas decisões de consumo das famílias ou de investimentos dos empresários, sabemos que tal paralisação fragilizou a confiança dos agentes e, desta forma, o próprio desempenho econômico.

Com as realidades postas acima, com eleição cada vez mais próxima (com chapas e lideranças pouco previsíveis), dólar elevado e rescaldo de uma greve que parou o país, não se pode trabalhar mais no otimismo. Temos um governo que passou longe de ter características reformistas e de estabilidade, até por sua impopularidade. E a economia se mantém com ritmo fraco. A impressão existente é que quanto mais rápido a Copa do Mundo passar, mais o cenário político deve iniciar e se explicitar. Apenas com isso, trataremos 2019 de forma mais verossímil. Já para 2018, achava-se que o mesmo seria melhor que 2017. Agora já se sabe que deve ser apenas pouco melhor. Sair da lama de uma recessão tão grande não é fácil. Ainda mais, quando as pernas parecem cansadas.

A partir dessas novas reflexões, são expostas as projeções macroeconômicas que o Sindaesp apresenta mensalmente. As setas denotam evolução de nossa opinião em relação ao mês anterior.

As projeções macroeconômicas do Sindaesp:

  • Crescimento da economia brasileira em 2018: +2,0% (↓);
  • IPCA/IBGE em 2018: 3,6% (↔);
  • SELIC no fim de 2018: 6,50% (↔);
  • Taxa de Câmbio no fim de 2018: 3,50 (↑);
  • Balança Comercial em 2018: US$ 50 bilhões de superávit (↔);
  • Vendas do varejo em 2018: +3,0% (↓);
  • Volume dos serviços 2018: +1,0% (↔).
Jaime Vasconcellos
Economista e assessor econômico do Sindaesp