Carta de Conjuntura SINDAESP - Ed. nº 02

CARTA DE CONJUNTURA SINDAESP

Setembro 2017

Na Carta de Conjuntura do SINDAESP do mês passado (agosto/2017), utilizei o termo “re-retomada” para projetar o crescimento da economia brasileira neste segundo semestre. Este neologismo teve por objetivo definir o retorno da aceleração do crescimento de nossa economia, após esta reação ser estancada com os impactos das delações do grupo JBS. Isso ocorreu em maio e atingiu diretamente o núcleo político do atual governo e, consequentemente, trouxe um mar de incertezas aos agentes econômicos.

O escândalo esfriou, o Presidente ficou e a economia voltou a mostrar ritmo de crescimento.  E numa boa toada: a inflação continua baixíssima, o câmbio estabilizado, os juros em queda, a prévia do PIB mostrando evolução, o Ibovespa batendo recorde, a balança comercial garantindo grande saldo para 2017 e a importante modernização da legislação trabalhista aprovada.

Mesmo com este cenário positivo, e melhorando, novas turbulências políticas desafiarão a resiliência do processo de reaceleração de nossa economia. Isso se deve a nova denúncia feita pela Procuradoria Geral da República ao Presidente Michel Temer. Mesmo com a remota possibilidade de que a segunda denúncia tenha um desfecho diferente da primeira, naturalmente há paralização de agendas políticas e geração de novas incertezas a consumidores e empresários, principalmente destes últimos na sua função prática como investidores.

Em verdade, ainda assim, fica claro que este início de recuperação econômica, aliado a um forte poder de mobilização que o atual Governo possui em sua base no Congresso Nacional, provavelmente dará uma passagem mais ligeira ao Presidente Temer por esta nova denúncia de Janot.

Portanto, não teremos tantas incertezas rondando os agentes, ainda que a agenda política, inclusive de discussão da Reforma Previdenciária, fique prejudicada. Em suma, a política econômica parece estar mais blindada aos resultados desta nova denúncia. Isto nos garante, concordemos ou não com as decisões do atual Governo, que continuemos a trilhar o desempenho positivo de nossa economia.

Mesmo com a iminência de novos impactos econômicos com a segunda denúncia da PGR ao Presidente Temer, as projeções macroeconômicas que o Sindaesp mantém mensalmente se apresentam da seguinte forma:

As projeções macroeconômicas do Sindaesp:

  • Crescimento da economia brasileira em 2017: +0,6% (↑);
  • IPCA/IBGE em 2017: 3,1% (↓);
  • SELIC no fim de 2017: 7,25% (↓);
  • Taxa de Câmbio no fim do período: 3,20 (↓);
  • Balança Comercial em 2017: US$ 50 bilhões de superávit (↔);
  • Vendas do varejo: +1,5% (↑);
  • Volume dos serviços: -3,2% (↔).
Jaime Vasconcellos
Economista e assessor econômico do Sindaesp